Tatiana Ferreira é a mente criativa por trás da Pareidólia, um estúdio onde a cerâmica ganha vida de forma única. Com uma trajetória que une arquitetura e arte contemporânea, Tatiana canalizou a sua paixão pela criação manual para esse universo, criando peças que equilibram funcionalidade e estética. O seu trabalho transforma o quotidiano, convidando-nos a olhar para os objetos com uma nova e fascinante perspectiva.



Fala-nos um pouco sobre o teu percurso antes da Pareidólia. A Arquitetura sempre foi o caminho óbvio a seguir?

Venho de um background de Artes e acabei por enveredar pelo caminho da Arquitectura, onde me especializei em Reabilitação do Edificado. Durante alguns anos desenvolvi o meu trabalho nesta área. Ainda estive bastante tempo envolvida com a arquitectura até perceber que tinha uma ideia muito romantizada do que era de facto fazer arquitectura, na faculdade não nos preparam para a realidade mais burocrática, que faz parte de todo o processo. E por isso decidi enveredar por outros caminhos que me levaram a trabalhar no serviço educativo do Museu de Arte Moderna e Contemporânea em Lisboa, onde trabalhei durante 5 anos.


Quando é que percebeste que querias seguir um caminho diferente e porquê a cerâmica?


Acho que a imensidão de estímulos e curiosidade por tudo não me podia ter levado para outro caminho senão este, onde estou. Tive o meu primeiro contacto com a cerâmica ainda na época do Liceu, onde fiz uma formação contínua de vários anos e tive o privilégio de poder estar em contacto com muitas áreas artísticas e plásticas. Acho que foi aqui que a semente da vontade de saber mais e de continuar a explorar as características do barro foi plantada. Na época do confinamento e como muitos de nós, decidi aproveitar os meus conhecimentos e gosto pela cerâmica e abrir o meu próprio atelier.


O que é que te inspira na criação das tuas peças? Podes partilhar um pouco sobre o teu processo criativo?


A verdade é que, como acontece com muitos de nós, a minha inspiração vem de tudo o que me rodeia. Pode parecer um pouco cliché, mas é genuíno! A minha curiosidade sobre o que observo no dia a dia é essencial para o meu processo criativo. Cada textura, cada forma e cada detalhe despertam em mim novas ideias, levando-me a explorar caminhos inesperados na criação das minhas peças. É essa curiosidade constante que me permite inovar e descobrir novas formas.



Porquê Pareidólia?

O nome da marca tem origem no princípio do fenómeno da Pareidólia, fenómeno psicológico que envolve um estímulo aleatório, geralmente uma imagem ou som, sendo percebido como algo distinto e com significado. Quando nos deparamos com imagens ou sons e não percebemos imediatamente o que são, temos tendência de lhes dar significado. Desde o começo da Pareidólia que associei este fenómeno à forma como desenvolvo o meu trabalho. Muitas das vezes projectava uma peça em desenho e tentava reproduzi-la no barro e na maioria das vezes não conseguia ter controlo absoluto do resultado final! Acabei por aceitar que esse seria o meu processo de trabalho, sempre uma Pareidólia.


Há alguma peça/coleção que tenha um significado especial para ti? Qual é a história por trás dela?


A colecção com mais significado para mim e que mais satisfação me trouxe foi a PLAYGROUND lançada em 2024. Esta coleção foi desenvolvida em exclusivo para a Lisbon By Design 2024, uma feira anual que celebra a arte e o artesanato e da qual fiz parte. Tem um significado especial para mim, pois é uma homenagem nostálgica às memórias de infância e à despreocupação na hora de criar algo, sem medo de errar. Os padrões dos paineis foram criados quase como um jogo, um processo intuitivo e espontâneo que reflete essa abordagem lúdica. Foi um período em que me senti muito feliz!


Algum projeto futuro que te esteja a entusiasmar particularmente e que possas partilhar connosco?

Neste momento estou a desenvolver uma peça muito especial que parte de um convite para uma exposição que irá acontecer em Junho, mas que ainda não posso dar muitos detalhes… E estou muito entusiasmada com a preparação e desenvolvimento da nova série de painéis que irei apresentar em Maio num Open Studio também especial, aqui no meu atelier.



5 FIRE-QUESTIONS!

  1. Algum ritual antes de começares a criar?
     Gosto muito de chegar ao atelier, pôr música, fazer um café e pensar no que tenho para fazer antes de começar!

  2. Um hobby?
    Ler.

  3. Se não fosses designer e ceramista, o que serias?
    Teria escolhido algo relacionado com medicina ou com ciências.

  4. Se pudesses trabalhar em colaboração com um artista de outra área (fora da cerâmica), quem seria?
    Adorava colaborar com os Studio Farinha Rosa, que desenvolve trabalho em têxtil.

  5. Se pudesses expor as tuas peças em qualquer lugar do mundo onde seria?
    Nova Iorque!

  6. Peça de joalharia favorita?
    Um anel que uso sempre, um anel de prata que era do meu pai com a sua inicial.




Descobre mais sobre as peças da artista em Pareidólia.

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